A República das Bananas: Quando a Justiça Perde o Juízo
Temístocles Telmo
A vida imitando a arte. Na série O Mecanismo, se retrata o que agora se observa nas decisões do Poder Judiciário.
No Brasil, a sensação de impunidade deixou de ser uma percepção e passou a ser um dado da realidade. A anulação das condenações de Alberto Youssef — um dos principais operadores do esquema da Lava Jato — não é apenas mais um capítulo do revisionismo judicial que se instaurou; é o retrato da insegurança jurídica que fragiliza a confiança do cidadão nas instituições.
Não se trata de defender condenações a qualquer custo. Trata-se de respeitar a lógica e a coerência das próprias decisões da Justiça. O mesmo Supremo Tribunal Federal que antes reconhecia a validade das investigações e das provas agora, com outra composição e outros interesses, reescreve a história e apaga os rastros do maior escândalo de corrupção da nossa história recente.
Estamos diante de um Judiciário que passou a atuar como protagonista político, não apenas interpretando a Constituição, mas muitas vezes substituindo o legislador, interferindo em políticas públicas, definindo prioridades do Estado — tudo isso por meio de liminares, votos monocráticos e interpretações convenientes ao clima do momento.
A consequência é clara: instabilidade, descrença e revolta. O cidadão comum, que paga impostos, enfrenta filas e sofre com a violência, vê o topo da pirâmide blindado por tecnicalidades jurídicas e decisões contraditórias. A regra muda conforme o réu muda. A toga virou escudo para os aliados do poder — seja ele de esquerda ou de direita.
A insegurança jurídica é o veneno lento que corrói a credibilidade de um país. Quando as leis deixam de ser firmes, e as decisões deixam de ser previsíveis, abre-se espaço para o arbítrio e para o cinismo. Tudo é possível no Brasil — inclusive o improvável.
Por isso, sim, nos tornamos uma república de bananas. Um país onde o passado é reescrito conforme a conveniência do presente. Onde o crime compensa, desde que você tenha os amigos certos. Onde o cidadão é prisioneiro de um sistema que só funciona para proteger seus próprios operadores.
E enquanto isso, a verdadeira Justiça — aquela que deveria valer para todos — segue sequestrada.
⸻
Sobre o autor:
Temístocles Telmo: É Coronel veterano da Polícia Militar do Estado de São Paulo, com 38 anos de atuação na área de Segurança Pública. Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, é também pós-graduado em Direito Penal e atualmente é Secretário de Segurança Cidadã de Santo André. Advogado licenciado, atua como membro consultor da Comissão de Segurança Pública da 100ª Subseção da OAB/SP – Ipiranga. É professor universitário há 17 anos na área de Direito Criminal, com atuação na PUC-Centro Universitário Assunção São Paulo, no Programa de Doutorado da Polícia Militar do Estado de São Paulo e na pós-graduação da Faculdade Legale. Em 2023, coordenou os Conselhos Comunitários de Segurança da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. É autor, coautor e organizador de 14 livros, com destaque para Vizinhança Solidária. Além de escritor e articulista, também se dedica à poesia.
Caminhos da Lei. 🔎Visão Cidadã – por Professor Telmo
🗣️Reflexões relevantes sobre segurança pública, justiça, cidadania e os rumos do nosso país
— com responsabilidade, espírito crítico e compromisso com a verdade.
📍Leitura rápida, conteúdo direto e sério.
👉Acesse o blog: 🔗https://professortemistoclestelmo.blogspot.com
📲Siga e acompanhe também nas redes sociais:
🎥YouTube: youtube.com/@professortelmo
📸Instagram: @temistocles_telmo
💼LinkedIn: Temístocles Telmo
🐦X (Twitter): @proftelmo
🗨️Comente, compartilhe e fortaleça esse espaço de debate cidadão!
#CaminhosDaLei#VisãoCidadã #ProfessorTelmo#SegurançaPública #JustiçaSocial
#CidadaniaAtiva#ReflexãoCrítica #DireitoEAção#SociedadeConsciente #BlogDeOpinião
Comentários
Postar um comentário