Solução para a Segurança Pública: Uma Abordagem Sistêmica e Coletiva
Temístocles Telmo
O presente ensaio faz uma abordagem sistêmica para os desafios contemporâneos da segurança pública brasileira. Parte-se do pressuposto de que o crime é resultado de escolhas racionais, feitas por indivíduos conscientes de seus atos e movidos por interesses pessoais. Argumenta-se que a legislação penal brasileira se encontra anacrônica e permissiva, o que compromete a eficácia do sistema de justiça criminal. A partir disso, são apresentadas propostas legislativas e institucionais com vistas a reestruturar os mecanismos de repressão, responsabilização e prevenção criminal, observando o equilíbrio entre os direitos fundamentais e a proteção efetiva da sociedade
Existe solução para a segurança?
Sim, existe, mas é fundamental
compreender que não há soluções simples para problemas complexos. A segurança
pública demanda uma abordagem multifacetada, que envolve toda a sociedade e os
poderes constituídos, reconhecendo a responsabilidade compartilhada e a
necessidade de atuação integrada.
O Responsável pelo Crime: A primeira premissa fundamental é reconhecer que o crime não é resultado exclusivo de fatores socioeconômicos ou estruturais, mas sobretudo da decisão voluntária e racional de um agente. O único responsável pelo crime é o criminoso. Ele age de forma racional, fria e calculista, motivado por ganhos pessoais. No entanto, é preciso entender que o ambiente social e institucional pode influenciar as oportunidades e riscos para a prática criminosa
A Tríade do Crime: Ou Teoria das Oportunidades, ou Triângulo do Crime.
Para que o crime aconteça, três fatores são necessários: Criminoso disposto; Vítima vulnerável e Ambiente favorável. A prevenção eficaz exige ações sobre esses três elementos, tornando o ambiente menos propício ao crime e reduzindo a vulnerabilidade das potenciais vítimas.
Segurança Pública: Responsabilidade de Todos
O artigo 144 da Constituição
Federal já estabelece que a segurança pública é dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos. O ciclo da segurança pública demonstra que a
prevenção e promoção da segurança dependem da atuação conjunta de diversos setores:
Fonte: Autor[1]
Poder Judiciário, Sistema Prisional, Ministério Público: Representam a prevenção erceária
Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Civil Municipal: Representam a prevenção secundária
- Setores Sociais e Comunitários:
Família; Religião; Esporte; Saúde; Trabalho; Cultura; Lazer; Educação: Representam a prevenção primária
Cada um desses segmentos funciona
como uma engrenagem no sistema de segurança: quando todos atuam de forma
integrada, a prevenção é potencializada e a criminalidade tende a diminuir.
O Papel do Cidadão: Se a responsabilidade é coletiva, o cidadão deve estar organizado e preparado para mitigar riscos, adotando e promovendo posturas individuais e coletivas de prevenção primária. Exemplos práticos incluem os CONSEGs (Conselhos Comunitários de Segurança) e programas como Vizinhos Solidários, que fortalecem a participação social no combate ao crime.
Atribuições das Forças de Segurança e Justiça: Como no Brasil não há polícia de Ciclo Completo é necessário se destacar as atribuições dos órgãos que constituem o Sistema de Justiça Criminal vigente:
Polícia: (Ostensiva - PM ou a GCM). Deve procurar estar presente em todo território, agir com inteligência e saber exatamente sua missão em cada local.
Delegado e Promotor: Precisam exercer a essência da persecução penal, garantindo a investigação e a responsabilização dos criminosos.
Juiz: Deve aplicar a lei com rigor, reconhecendo a responsabilidade individual do criminoso, mas sem abrir mão dos direitos fundamentais
Modernização e Aperfeiçoamento Legal: Os códigos Penal e de Processo Penal, com mais de 80 anos, e a Lei de Execução Penal, com mais de 40, precisam ser urgentemente modernizados. É necessário endurecer a legislação para crimes graves, revisar benefícios penais e garantir que o cumprimento de penas seja efetivo, sempre respeitando o equilíbrio entre repressão e ressocialização.
Propostas para uma Justiça Criminal em Conformidade com a Segurança Pública
Fim da progressão de regime e de saídas temporárias para crimes graves
Aumento da pena máxima para crimes hediondos
Mudanças nas audiências de custódia para evitar solturas automáticas
Maioridade penal condicionada à decisão judicial
Ampliação do sistema prisional com construção de novas vagas
Revisão das visitas íntimas e benefícios penais
Federalização da execução penal para organizações criminosas
Valorização salarial e segurança jurídica para agentes de segurança
Prevenção Sistêmica: O Papel das Engrenagens Sociais: A segurança pública não se faz apenas com polícia e repressão. É fundamental investir em políticas públicas transversais, que envolvam educação, saúde, cultura, esporte, trabalho, lazer e família. Cada setor tem papel fundamental na prevenção primária, reduzindo vulnerabilidades e promovendo cidadania.
Conclusão: A solução para a segurança pública exige uma visão sistêmica, integrando Estado, sociedade civil e instituições em um grande ciclo de prevenção e promoção da paz social. Endurecer a lei pode ser necessário, mas só será eficaz se vier acompanhado de políticas que fortaleçam todas as engrenagens do sistema. Segurança é, acima de tudo, um compromisso coletivo.
Sobre o autor:
Temístocles Telmo: É Coronel veterano da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, com 38 anos de atuação na área de Segurança Pública.
Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, é também
pós-graduado em Direito Penal e atualmente é Secretário de Segurança Cidadã de
Santo André. Advogado licenciado, atua como membro consultor da Comissão
de Segurança Pública da 100ª Subseção da OAB/SP – Ipiranga. É professor
universitário há 17 anos na área de Direito Criminal, com atuação na PUC-Centro
Universitário Assunção São Paulo, no Programa de Doutorado da Polícia Militar
do Estado de São Paulo e na pós-graduação da Faculdade Legale. Em 2023,
coordenou os Conselhos Comunitários de Segurança da Secretaria de Segurança
Pública do Estado de São Paulo. É autor, coautor e organizador de 14 livros,
com destaque para Vizinhança Solidária. Além de escritor e articulista, também
se dedica à poesia.
Caminhos da Lei. 🔎 Visão Cidadã – por
Professor Telmo
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[1]
ARAÚJO, TEMISTOCLES TELMO FERREIRA e RUA, MARIA DAS GRAÇAS. 2021. Vizinhança
Solidaria - Área vigiada pela Sociedade. São Bernardo do Campo : Nihon, 2021.
978-65-991903-6-0.
Excelente mestre , acredito que os órgãos que constituem o Sistema de Justiça Criminal , funcionam , só que as ações primárias secundárias e terceiras acabam sem efeito senão houver com urgência uma reforma na lei ... abraço!
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