Painel Smart Cities | Governo no SEG SUMMIT 2025
Segurança, tecnologia e ética na
construção das cidades do futuro
Distrito Anhembi – São Paulo,
22/10/25
Por Coronel PMESP Temístocles
Telmo[1]
1. Introdução
Fui convidado a participar do Painel Smart Cities |
Governo, durante o SEG SUMMIT 2025, evento que reuniu especialistas
de diferentes áreas para discutir o futuro da segurança e da governança nas
cidades inteligentes.
Agradeço ao amigo Raphael Hernandez pela lembrança e
pela condução segura e inspiradora, e aos organizadores Thiago Pavani e Engenheiro
Kleber Reis pela confiança em me incluir neste grande encontro.
Foi uma honra dividir o painel com profissionais de
excelência, Coronel Vinícius, Coronel Holanda, Léo Soares e Marcus Almeida,
verdadeiros construtores de pontes entre a segurança pública, a segurança
privada e o cidadão.
Seguimos juntos, com espírito de cooperação e propósito, por
cidades mais seguras, inteligentes e humanas.
2. O Painel
O debate foi moderado por Raphael Hernandez, Gerente de
Segurança AVSEC da AENA Brasil, que abriu o encontro ressaltando o papel
estratégico da segurança na era das cidades inteligentes e a necessidade de
integração entre tecnologia, políticas públicas e governança corporativa.
Durante o painel, cada convidado respondeu a duas questões específicas, abordando temas que vão da segurança cibernética à integração institucional, da inovação social à ética no uso das tecnologias emergentes.
3. Participantes
e temas tratados
- Coronel PMESP Temístocles Telmo, professor universitário
(PUC-Assunção) e ex-Secretário de Segurança em Santo André, refletiu sobre
a integração entre segurança pública e privada e o uso ético da
inteligência artificial e da análise preditiva na proteção social.
- Léo Soares, Chief Security Officer da Kovi
Tecnologia S/A, falou sobre o equilíbrio entre segurança física e
cibernética e o desafio de transformar dados urbanos em inteligência
preventiva.
- Marcus Almeida, Gerente Executivo da SuperVia
Trens, destacou a importância das políticas públicas integradas
e das decisões regenerativas como instrumentos de inovação e
sustentabilidade.
- Coronel Eduardo Holanda, especialista em tecnologia aplicada à segurança pública e corporativa, abordou os modelos de governança e integração tecnológica e o papel dos Centros Integrados de Comando e Controle (CICC) no ordenamento das cidades.
4. Minhas perguntas e respostas no painel
Pergunta: Como
fortalecer a integração entre os sistemas de segurança pública e privada nas
cidades inteligentes, garantindo interoperabilidade sem comprometer a autonomia
e as competências de cada setor?
Resposta: Antes
de falar em tecnologia, é preciso falar em confiança. Cidades inteligentes não
se constroem com cabos e sensores, mas com instituições que confiam umas nas
outras.
Integrar os sistemas público e privado significa garantir interoperabilidade
técnica, mas autonomia funcional. Cada um no seu papel, trabalhando
junto, e não misturado.
Precisamos de protocolos unificados, padrões
abertos de dados, e centros integrados de comando e controle com
diferentes níveis de acesso. Assim, as informações circulam sem que ninguém
perca soberania.
O setor privado é parceiro da segurança pública, não
substituto. A integração não é fusão.
O Estado mantém o poder de polícia e o monopólio
da força; o setor privado contribui com inteligência territorial e agilidade
operacional.
O segredo está em confiança regulada, com normas
claras, auditoria constante e reciprocidade. Interoperar sem submeter. Cooperar
sem confundir.
Esse é o caminho da maturidade institucional em uma cidade verdadeiramente inteligente.
Pergunta: De
que forma as tecnologias emergentes, como inteligência artificial, análise
preditiva e câmeras inteligentes, podem ser aplicadas de modo ético e eficiente
para ampliar a proteção social e a governança urbana, sem ferir direitos
fundamentais?
Resposta: A
tecnologia é fascinante, mas sem ética, ela desumaniza. A, análise preditiva,
câmeras inteligentes, tudo isso é útil, desde que tenha propósito e limites.
O uso ético dessas ferramentas começa por três pilares: finalidade legítima,
transparência e proteção dos direitos fundamentais.
Algoritmos não podem substituir o discernimento humano. Podem
indicar tendências, sugerir riscos, antecipar ocorrências, mas quem decide é o
ser humano, dentro da legalidade e com responsabilidade moral.
A cidade inteligente é aquela que respeita a inteligência
do cidadão. A tecnologia deve proteger, não vigiar. Servir à
vida, e não ao controle.
O grande desafio não é tecnológico, é civilizatório. Precisamos
de algoritmos com alma e sistemas com propósito.
Porque segurança pública sem humanidade é só vigilância, e
cidade inteligente sem ética é só mais uma rede de cabos e câmeras.
5. Conclusão
O Painel Smart Cities | Governo reafirmou que a
tecnologia é apenas o meio, o fim continua sendo o cidadão. A inteligência
artificial, os centros de comando e as plataformas integradas só farão sentido
se fortalecerem a confiança entre as instituições e protegerem a dignidade
humana.
O futuro da segurança está em parcerias sólidas, ética
aplicada e governança transparente.
Cidades inteligentes serão, acima de tudo, cidades humanas.
[1]
Temístocles Telmo: Doutor e Mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem
Pública. Pós-Graduado lato senso em Direito Penal. Coronel veterano da Polícia
Militar do Estado de São Paulo. Com 38 anos de experiência de atuação na
Segurança Pública. Professor de Direito Criminal na PUC-Assunção. Advogado e
membro da Comissão de Segurança Pública da 100ª Subseção do Ipiranga da OAB São
Paulo. Em 2023, coordenou os Conselhos Comunitários de Segurança da Secretaria
de Segurança Pública do Estado de São Paulo e foi Secretário de Segurança de
Santo André (2024-2025). É autor, coautor e organizador de 16 livros, com
destaque para Vizinhança Solidária. Além de escritor e articulista, também se
dedica à poesia.
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