**A Balança da Justiça: Uma Canção de Liberdade para o Jovem Trovador**

 


                                                                                                            *Temístocles Telmo Ferreira Araújo


Ah, a justiça brasileira! Sempre surpreende com sua capacidade ímpar de equilibrar a balança, especialmente quando um jovem talentoso, que apenas “ganha a vida cantando”, se vê enredado nas malhas da lei. No caso do nosso estimado MC Poze, a decisão monocrática e garantista do magistrado brilhou mais uma vez, revogando aquela incômoda prisão temporária. Afinal, para que prender um artista que, em sua essência, só espalha cultura e alegria, mesmo que sua arte seja... digamos, “associada” a certas facções?

É de uma perspicácia notável a preocupação com o “procedimento regular da polícia”. Algemar um jovem cantor e expô-lo midiaticamente? Que ultraje! Claramente, a dignidade de um artista, mesmo que “do CV”, está acima de qualquer suspeita policial. E a liberdade de expressão? Um direito fundamental inquestionável! Aqueles que ousam insinuar “apologia ao crime” talvez não compreendam a profundidade lírica e a mensagem cultural por trás de cada verso. É tudo arte, puro e simples.

E que belo contraste o magistrado nos apresenta: enquanto os astutos que desviam fortunas do INSS, privando idosos de seu merecido descanso, seguem tranquilos e impunes, um “jovem que trabalha cantando e ganhando seu pão de cada dia” quase tem sua liberdade cerceada! Tais “extremos”, como bem pontua o sábio julgador, realmente não combinam.

Portanto, celebremos a sabedoria judicial que, com sua visão única, garante que a ordem pública não seja abalada por um “golpista” qualquer, mas que a liberdade de um artista, que apenas canta para sobreviver (e talvez inspire alguns a seguir outros caminhos...), seja preservada. Afinal, no Brasil, a justiça tem um ritmo próprio, e às vezes, esse ritmo é uma canção de liberdade, com direito a bis e sem censura.

**Nota da Redação**

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) revogou a prisão temporária do MC Poze. O “funkeiro” do CV vai para casa. Mas podia ser pior: podia ser algum “golpista” colocando a ordem pública em risco. O Estado democrático continua em pé.

 **HÁ INDÍCIOS QUE COMPROMETEM O PROCEDIMENTO REGULAR DA POLÍCIA. PELO POUCO QUE SE SABE, O PACIENTE TERIA SIDO ALGEMADO E TRATADO DE FORMA DESPROPORCIONAL, COM AMPLA EXPOSIÇÃO MIDIÁTICA, FATO A SER APURADO POSTERIORMENTE.**

**A LIBERDADE DE EXPRESSÃO É UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE GARANTE A TODOS A POSSIBILIDADE DE SE EXPRESSAR LIVREMENTE EM SUAS OPINIÕES, IDEIAS, INFORMAÇÕES E MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS E CULTURAIS, SEM CENSURAS. O QUE SE DIZ SOBRE APOLOGIA AO CRIME PODE NÃO SER EXATAMENTE ISSO.**

 **REGISTRA-SE, NA OPORTUNIDADE, QUE AQUELES QUE LEVAM FORTUNA DO INSS CONTRA IDOSOS FICAM TRANQUILOS POR NADA ACONTECER E, AO MESMO TEMPO, PRENDE-SE UM JOVEM QUE TRABALHA CANTANDO E GANHANDO SEU PÃO DE CADA DIA, PODENDO RESPONDER À INVESTIGAÇÃO E PROCESSO CRIMINAL EM LIBERDADE. TAIS EXTREMOS NÃO COMBINAM.**

**Glossário**

- **VK:** Vila Kennedy, comunidade de Bangu dominada pelo Comando Vermelho.

- **AKzão, 62 e G3zão:** Modelos de fuzil.

- **Pentão reserva:** Munição à disposição da facção.

- **Três c\*:** Gíria para os rivais da facção.

- **Alemão:** Também gíria para rivais.

- **Glock:** Modelo de pistola.

**Trecho da Canção (para contextualização)**

> Fala que a tropa é Comando Vermelho 

> Oi, na VK os menor te acerta 

> Só soldado bom de guerra 

> Que te mira e não te erra 

> Só AKzão na favela

> Com vários pentão reserva 

> Aonde entrar, cês leva

> ... 

> É bala nos três c\*, é bala nos três c\* 

> De 62 é só papum e os alemão aqui nem tenta 

> De Glock e de radin, fumando um baseadin 

> Destrava o G3zão que se piar, nós quebra

Essa formatação valoriza o debate sobre justiça criminal, procedimentos policiais e liberdade de expressão, temas de seu interesse[1][2].

[1] interests.criminal_justice

[2] interests.legal_systems


*É Coronel veterano da Polícia Militar do Estado de São Paulo, com 38 anos de atuação na área de Segurança Pública. Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, é também pós-graduado em Direito Penal e atualmente é Secretário de Segurança Cidadã de Santo André

Advogado licenciado, atua como membro consultor da Comissão de Segurança Pública da 100ª Subseção da OAB/SP – Ipiranga. É professor universitário há 17 anos na área de Direito Criminal, com atuação na PUC-Centro Universitário Assunção São Paulo, no Programa de Doutorado da Polícia Militar do Estado de São Paulo e na pós-graduação da Faculdade Legale.

Em 2023, coordenou os Conselhos Comunitários de Segurança da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. É autor, coautor e organizador de 14 livros, com destaque para Vizinhança Solidária. Além de escritor e articulista, também se dedica à poesia.

@temistocles_telmo

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